terça-feira, 11 de outubro de 2016

História do povo tabajara

Sou do povo tabajara
Minha vó que me falou
Mais me pediu segredo
E as razões me mostrou
Ela com sábio olhar
Me fazendo acreditar
Sabiamente me contou.

Há muitos anos atrás
Houve aqui no Ceará
Uma tal de assembléia
Para o povo declarar
Que nós não mais existia
Pra sobreviver mentia
E a semente poder brotar

Das terras tomaram posse
Nosso povo foi massacrado
Perseguiram nossa cultura
Fomos desacreditado
Os lábios dela tremia
Dos olhos dela caia
Lágrimas cor do serrado.

Só mais tarde os pajes
Começaram se reunir
com ajuda dos ancestrais
Para poder resistir
Cantavam juntos na mata
Com barulho da cascata
E então poder assumir.

Ceará tem nove Estados
Cada qual com seu costume
Divisão em diversos povos
Que hoje em dia se assume
E vem se organizando
Seu espaço conquistando
Das ervas sendo perfume.

Cresci ouvindo as histórias
Mas não podia falar
Que era uma tabajara
Meu espírito quis voar
Traçando novos caminhos
Ninguém faz nada sozinho
Minha história quis pesquisar.

Junto ao povo kalabaça
Lá da mesma região
Território cearense
Povo da mesma nação
De uma própria identidade
Para a mesma sociedade
Frutos do mesmo torrão.

Etnias do Ceará
Jenipapo kanide
Tapeba e gavião
Potiguara e tremembé
Tabajara e  kariri
Tubiba e pitaguary
Tupinambá e anacé.

Nossa história foi contada
Por gente de grande cidade
Para a nós mesmo ensinar
Sem saber da realidade
Por isso resolvi escrever
Na literatura desenvolver
E evoluir pra humanidade.

Foi quando em mim despertou
Começo a compreender
São fortes as tradições
Que em mim vejo nascer
Em espírito grande riqueza
Herdei da mãe natureza
Não posso deixar morrer.

Não falo na língua mãe
Pois ninguém vai entender
Falo com minha essência
De um povo que quer viver
Respeitado culturalmente
Ter nossa terra somente
Pra ela não mais sofrer.

Sou essência de um criador
De onde nasce inspiração
Curar com ervas da terra
Ou imposição de mãos
Para ouvir e aceitar
É preciso acreditar
Ser forte é nossa missão.

Não foi fácil guardar
No silêncio as tradições
Mantendo dentro de nós
Principalmente ancioes
Ancestralidade pura
Em prol da nossa cultura
Tabajara são campeões.

Choramos com a natureza
Nossa mãe foi destruída
Nossos irmãos acabados
Nossas águas poluída
Nosso ar ficou impuro
Respirar tanto munturo
Terra viver tão sofrida.

Quem tomou a nossa frente
Diz que somos atrasado
Hoje com a tecnologia
Diz que somos do passado
Brasil seria diferente
Se tivesse deixado a gente
Não teria tanto estrago.

Por isso meu desabafo
Já que aprendi a ler
Escrevo em português
Pois é mais fácil entender
Queria meu povo educar
E na língua alfabetizar
Ver nosso povo crescer.


Poema para mamãe

Qual palavra vai definir
Ao imenso amor materno
Nenhuma vai descrever
Nem antigo nem moderno
Mãe é seu aniversário
Deus pois em nosso calendário
Um amor chamado eterno.

Mãe és meu anjo da guarda
Que nasceu para brilhar
Que supera ingratidão
Sofre sem deixar de amar
Minha maezinha querida
Me ensinou tanto na vida
Deus queira te abençoar.

Infância em cordel


Fui criança, tinha tempo.
Ir na roça e estudar.
Ouvir história do mais velho.
Correr, pular e brincar.
Fazer cuscuz com rapadura.
Pra na escola merendar.
Sou da vida estudante
De um futuro interessante.
Pra cultura popular.

A beleza do nordestino
Está na sua atenção
De ajudar mesmo que seja.
Numa simple informação.
Ricos em conhecimento.
Mede as horas pelo tempo.
Nato em valorização.

 Foi no ventre de mamãe.
Que eu aprendi a ler
Escutando as cantiga
Que era pra mode aprender.
Para quando eu nascesse.
No mundo não me perdesse.
Nem minha raiz esquecer.

Hoje me sinto estudada.
Só não pude ser doutor
Honro minha ancestralidade.
Aprendi com meu avô.
História de ensinamento.
Tradição é crescimento.
Pra quem quer ser professor.
Aurilene Cordelista